O que é ser bailarina e mulher?

O que é ser bailarina e mulher sem a liberdade para amar o seu corpo?

O que é ser bailarina mulher quando dizem que você precisa sofrer e competir para vencer?

O que é ser bailarina mulher quando a cor da sua pele a desclassifica?

O que é ser bailarina e mulher com toda a sua arte sendo ditada, década após década, por homens e empresários?

O que é ser bailarina e mulher trans e ter a sua verdade e a sua essência invalidadas, ou questionadas?

O que é ser bailarina e mulher quando você precisa sustentar o encanto, mas tudo o que você deseja é gritar?

Reflito hoje sobre as vidas de Margot Fonteyn, Agripina Vaganova, Isadora Duncan, Raven Wilkinson, Marie Taglioni e tantas outras. Reflito e exalto a importância dessas que vieram antes, em épocas muito mais difíceis e me lembro: o ballet é para ser nosso. O ballet é para ser nosso!

O ballet é para ser ressignificado em nossas mãos. É para conservar o bom e transformar o que é misógino. O ballet ainda não é da mulher, mas aos poucos, a gente chega lá.